Jornal Nexo
Artigo de opinião de Marcelo Marcos Morales – 09 Set 2018
O país está fadado ao fracasso se continuarmos cortando verbas para pesquisa e inovação. Neste ano eleitoral, precisamos rever nossas prioridades O fogo que lambeu em poucas horas o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, é simbólico do triste fim para o qual caminha a ciência nacional. Parte do acervo de 20 milhões de peças da história natural, brasileira e de outras relíquias internacionais se perdeu, assim como a ciência vai virar cinzas se nada for feito para reverter o atual quadro dramático.
No fim de agosto, foi votado pelo Congresso Nacional o orçamento da maior agência brasileira de financiamento da pesquisa nacional, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Em 2019, se nenhuma alteração for feita, os R$ 800 milhões previstos não serão suficientes para honrar os compromissos com custeio de projetos de pesquisa e com as mais de 200 mil bolsas de nossos jovens cientistas de mestrado, doutorado, pós-doutorado e dos pesquisadores sêniores em produtividade. Não chegaremos até setembro! Esse valor significa um corte de cerca de 50% nos investimentos se comparado aos empenhados pelo CNPq com orçamento próprio.
Países que deram um salto em desenvolvimento, inevitavelmente, investiram pesadamente no desenvolvimento científico, tecnológico e em inovação. A China, até recentemente, era um país engessado em uma economia fraca. Hoje, os chineses investem U$ 265 bilhões em ciência e tecnologia, enquanto o Brasil atualmente destina à área pouco mais de U$ 1 bilhão. O Brasil tem cerca de 100 mil pesquisadores, a maior e mais qualificada comunidade científica da América Latina. Publicamos 2,7% da pesquisa mundial, mas investimos cerca de 1% do PIB (Produto Interno Bruto). Israel investe quase 5%, Coreia do Sul, 4%, Finlândia, 3,7%, China e Estados Unidos, 3% do PIB cada um. Em apenas um mês, o Brasil terá novas eleições para presidente, o oitavo após a redemocratização do país, o 37o desde a Proclamação da República, em 1889, e o que observamos ao longo dessa trajetória é uma nação que não consegue sair do atoleiro. E não consegue sair desse pântano pois não investe em ciência, tecnologia e inovação.
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