Chamas. Vazio. Desolação: Salve-se a ciência brasileira.
É função do estado identificar quais são as riquezas da nação. É função dos políticos reconhecer esses valores e protegê-los. Quantas lágrimas serão necessárias para explicar o que foi perdido no incêndio do Museu Nacional. Quanto de nossa história foi perdida? O que dizer de outros bens e valores nacionais que não têm a mesma materialidade.
O que se construiu ao longo de anos de esforços de indivíduos com sensibilidade e visão. De alguns nomes fortes da civilização brasileira que defenderam a ciência e sua importância para a grandeza da nação.
Assim como o Museu Nacional do Rio de Janeiro, estão em risco as instituições nacionais que canalizam os esforços nacionais na ciência, na tecnologia e na inovação brasileiras. Será que conseguiremos aprender com o sucesso de nações que investem parte significativa do seu Produto Interno Bruto (PIB) em ciência e na formação de recursos humanos qualificados? Será que conseguiremos nos destacar daquelas que deixaram esvair suas riquezas e que levam seus cidadãos ao autoexílio para fugirem da fome e/ou para fugirem da opressão?
Várias ações têm sido apontadas como essenciais para a sobrevivência da ciência e tecnologia no país, de todas se destacam duas:
(1) Dedicar 2% do PIB para a ciência, tecnologia e inovação.
(2) Retirar o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal com Ensino Superior (CAPES) das limitações impostas pela PEC 95.
Estas duas ações podem ser adotadas de forma pragmática pelos Executivo e Legislativo federais, visando garantir a sobrevivência e, desejavelmente, a ampliação da capacidade nacional de criar conhecimento e de transferi-lo aos diferentes setores produtivos.
Se hoje o valor aplicado fica ao redor de 1,1% do PIB, seria necessário dobrá-lo em curto espaço de tempo, visando resgatar a viabilidade do sistema de pesquisas científicas e tecnológicas nos diversos estados da nação.
Por outro lado, as instituições mencionadas têm funções diversas e complementares dentro do sistema de pesquisa e inovação do país. Todas têm ações que são exemplares e copiadas mundo afora, com destaques para a Plataforma Lattes (do CNPq), do sistema de credenciamento e avaliação dos programas de pós-graduação e o Portal de Periódicos (da CAPES).
Estas duas ações são cruciais para que se possa preservar esses bens nacionais que são capazes de melhorar o futuro da nação, diminuir nossa dependência do extrativismo e das commodities, de garantir a autonomia e grandeza nacionais e dar esperança a um povo que anseia pela chegada do almejado progresso alardeado em nossa bandeira.
Campos do Jordão, 04 de setembro de 2018. Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE)