Crise na C&T é tema da abertura da FeSBE 2017
“Esperamos que a revisão da meta orçamentária deste ano e o aumento do déficit em 20 bilhões nos possibilite recuperar o orçamento do MCTIC e do CNPq para garantirmos investimentos e pagamentos das bolsas”, disse o diretor do CNPq, Marcelo Morales, durante a cerimônia. Ele destacou o papel e a pressão da comunidade científica contra o teto orçamentário estabelecido pelo Congresso Nacional
Neste domingo, a XXXII Reunião anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental foi aberta pelo presidente da instituição, Dalton Valentim Vassallo. Na cerimônia, o vice-presidente do CNPq, Marcelo Morales, destacou o papel e a pressão da comunidade científica contra o teto orçamentário estabelecido pelo Congresso Nacional.
A situação para 2018 não é nada animadora. Previsto para ser votado no Congresso Nacional, o orçamento destinado para a área, a princípio, é de pouco mais de R$ 11 bilhões e, excluindo as despesas obrigatórias e reserva de contingenciamento, sobram R$ 2,7 bilhões, uma queda de 3,89% em relação ao orçamento já contingenciado de 2017. Na área de investimentos para a Ciência e Tecnologia, a proposta é de R$ 267 milhões contra o R$ 1 bilhão de 2017, ou seja, uma queda de 73%. Se nada mudar, o CNPq terá uma queda de 45% em seus recursos do próximo ano e terá dificuldade de honrar seus compromissos, inclusive o pagamento de bolsas. Projetos de formação, capacitação e fixação de recursos humanos qualificados para a C,T&I verão seu orçamento encolher em 52%. Outros investimentos como o Reator Multipropósito Brasileiro Nacional, a Unidade de Concentração de Urânio em Caetité, na Bahia, a implantação das Cidades Digitais, a construção de Fonte de Luz Síncrotron de 4ª geração estão sem dotação para 2018.
Morales lembrou a situação caótica de 2016 quando as bolsas de iniciação científica sofreram cortes, os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia estavam sem avaliação desde 2014, somados à falta de pagamento do edital Universal e a suspensão das bolsas no exterior, paralisando novos editais. Morales falou, então, da importância do diálogo e dos esforços que resultaram na liberação de R$1,5 bilhões das repatriações, sendo que, na época, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação destinou R$ 500 milhões ao CNPq para saldar dívidas com os pesquisadores.
Morales ressaltou o desastre com os cortes de 44% no orçamento deste ano. Segundo ele, “isto é preocupante, pois é um corte linear sem definir o que é estratégico para o País. Esperamos que a revisão da meta orçamentária deste ano e o aumento do déficit em 20 bilhões nos possibilite recuperar o orçamento do MCTIC e do CNPq para garantirmos
investimentos e pagamentos das bolsas”.
A XXXII FeSBE acontece em Campos do Jordão até o dia 06 de setembro e participam do congresso cerca de 900 inscritos, sendo 252 estudantes de graduação, 320 pós-graduandos, 80 jovens do ensino médio do Colégio de Aplicação da UFRJ e do Programa de Vocação Científica da Fiocruz e 117 docentes, além dos palestrantes convidados.
Assessoria de Imprensa