CAPES – Contra a grande derrocada
O sistema brasileiro de pós-graduação é único no mundo. Estabelecido a partir de 1951 com a criação da CAPES, esse sistema tem características invejáveis. Ele credencia e monitora o funcionamento de programas de pós-graduação. Também os classifica de acordo com a performance, utilizando um processo periódico e ajustável.
Como qualquer sistema ele apresenta falhas, mas ao longo do tempo e da continuidade dos programas, tem sido capaz de se ajustar às realidades próprias das diversas áreas do conhecimento, assim como à evolução do conhecimento humano e das boas práticas do ensino-aprendizagem-treinamento.
Vinculada ao Ministério da Educação, a CAPES conseguiu amealhar um orçamento significativo, mas compatível com sua missão e realizações.
Tanto o credenciamento como a avaliação pela CAPES são mecanismos quase-precisos, demandando qualidade de proposta e realizações ao longo do tempo, o que exige atenção contínua dos programas de pós-graduação e das instituições a que estão vinculados, no sentido de responder a critérios bastante severos.
Com uma política expansionista, a CAPES estimulou a criação de programas de pós-graduação em todas as unidades da Federação.
Eis que chega o ano de 2018. Com a ascensão do atual governo, a CAPES, e principalmente seu orçamento, torna-se alvo das investidas do governo federal. Primeiramente, dá-se prioridade a representantes das instituições particulares na composição dos quadros da Coordenação e, principalmente, da diretoria de avaliação (DAV). São feitas investidas para uma pretensa fusão entre CAPES e CNPq, numa nítida incompreensão das funções precípuas de uma e do outro.
No presente, em meio a uma pandemia que tem afetado de sobremodo o trabalho dos programas de pós-graduandos, em particular pelas restrições de acesso às diferentes instituições para a realização das atividades relacionadas aos seus projetos de pesquisa, ocorre a demissão do presidente da CAPES e sua substituição por uma pessoa cujas qualificações são duvidosas, como atestado pelas informações fornecidas por ela mesma no sue currículo Lattes.
Sabemos que, no que se refere ao atual governo, nossas palavras encontram um deserto surdo, sem eco. Mas cabe-nos registrar nossa indignação com o aberrante e gritante processo de desmonte de um sistema funcional e meritocrático e sua substituição por um outro disforme e que atende a interesses escusos.
Parece-nos que a nomeação da nova presidente da CAPES é a coroação deste desmonte, com marcante rejeição ao sistema existente, mas sem projeto que o substitua. A simples contaminação do que pode ser considerado útil ao progresso da nação e sua entrega a um complexo e inimaginável sistema de corrupção protegido pelo legislativo e judiciário que pretendem cooptar.
Seria boa prova de que estamos enganados, se a decisão de nomear a Dra. Cláudia Mansani Queda de Toledo, fosse revogada imediatamente.
Hernandes F Carvalho
Presidente da FeSBE
Veja essa e mais de uma dezena de sociedades científicas que se posicionaram desde a indicação da nova presidente da Capes, Cláudia Mansani Queda de Toledo no link 26. Capes – Contra a grande derrocada, Jornal da Ciência da SBPC.